Do Diário de Natal
A campanha eleitoral de Janduís, a 286
quilômetros de Natal, está polêmica. A poucos dias da votação, que
acontece no dia 7 de outubro, a candidata Lígia Félix (PSDB) decidiu
contratar três policiais para trabalhar em sua escolta pessoal. São três
agentes do Grupo Tático Operacional (GTO) de Assu, que durante suas
folgas no 10º Batalhão de Polícia, atuam como seguranças, inclusive com
suas armas pessoais, uma vez que têm porte de arma de fogo. O fato
irritou o prefeito da cidade, o petista Salomão Gurgel, que apoia a
eleição da candidata Nailka Alencar, também do PT. Ele diz que a cidade
sempre foi pacífica, e que isso acaba levando uma sensação de
insegurança à população. O tema virou o assunto da cidade, que tem 5.346
habitantes.
Representante da coligação Unidos Para Renovar, a
tucana Lígia Félix diz a interlocutores que está sendo "ameaçada", mas a
coligação do prefeito, denominada Paz e Trabalho, garante que as
insinuações não são claras. "O fato é que a candidata oposicionista
visita eleitores locais escoltada por homens fortemente armados. Uma
atitude que, de certa forma, inibe a vigilância dos membros da Coligação
Paz e Trabalho que tentam proteger os eleitores de uma possível compra
de votos nessa reta final da campanha", diz um comunicado da coligação. A
coordenação da Coligação Paz e Trabalho procurou a Polícia Civil para
fazer a denúncia. "A delegada não quis fazer o Boletim de Ocorrência. Me
disse que isso é coisa comum, típica das paixões políticas", revelou
ontem ao Diário de Natal, o prefeito Salomão Gurgel.
Para o
prefeito, essa situação pode desencadear acidentes, diante do
acirramento da campanha. "Recentemente o vereador Fábio Dantas (PSD),
que também é da oposição, disse na tribuna da Câmara [de Vereadores] que
se a situação continuar desse jeito a campanha pode terminar em morte.
Queria saber porque eles acham comum visitar os eleitores às 11 horas da
noite acompanhados de três homens armados. Isso cria um clima muito
ruim para a cidade, que sempre foi pacífica", continuou Salomão Gurgel.O
prefeito também disse que entrou em contato com o Comandante do 10º
BPM, em Assu, o major Antônio Marinho da Silva.
Major Marinho
afirmou o DN que se o prefeito quiser, ele abrirá um inquérito para
apurar se há desvio de conduta nas atitudes dos três policiais do GTO de
Assu. Mas, de antemão, ressaltou: "São policiais que estão em seus
períodos de folga, e trabalham com armas pessoais. Eles têm portes de
armas. Já chamei os três, conversei com eles e me disseram que era um
bico. Isso não depende da nossa autorização ou não", disse. O oficial
ainda destacou: "Não tem para que o prefeito estar preocupado. Se ele
quiser contratar policiais para trabalhar a paisana para o grupo
político dele, também não vejo problema algum".
Acirramento
Temendo
que os ânimos fiquem ainda mais acirrados em Janduís, o prefeito
Salomão Gurgel afirmou que vai entrar com representação na Justiça
Eleitoral para que a situação seja reavaliada. "Ela diz que sofre
ameaças. Do nosso grupo político não é", garante. "O Juiz Eleitoral e
oMinistério Público não podem ficar indiferentes diante dessa questão.
Enquanto o nosso povo sofre com a ausência de segurança pública, a
candidata adversária tenta criar situações para justificar o
injustificável. Ela tem três seguranças e a nossa cidade só conta com
apenas dois policiais", comparou.
A situação se torna
insustentável porque, segundo o prefeito, a coligação Paz e Trabalho
coloca pessoas para fazer vigília na cidade para evitar a compra de
votos. "Essas pessoas que nós disponibilizamos nas ruas estão
desarmadas. Colocamos apenas para garantir e proteger o voto livre dos
cidadãos".
O Diário de Natal tentou insistentemente falar com a
candidata tucana Lígia Félix, através de seus dois números de telefone
celular e do número da residência dela. Contudo, ela não atendeu às
ligações nem retornou as chamadas.
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