Durante
entrevista à imprensa caicoense, o Bispo da Diocese de Caicó, Dom Antônio Carlos comentou os
recentes episódios violentos na cidade e região do Seridó, e o
surgimento de um sentimento em boa parte da sociedade, de apoio a morte
de pessoas, principalmente adolescentes envolvidos com o mundo do crime.
Para o religioso, e até aceitável, num primeiro momento que alguém que
tenha sido vítima da violência, pense dessa forma, mas na prática, a
violência não vai resolver os problemas de segurança em nenhum local do
mundo.
“Eu entendo que quem se sente
ameaçado pela violência, quem foi assaltado, quem teve a sua casa
invadida, essa é a primeira reação, de você pensar nisso. Mas a gente
sabe que não se resolve por isso. Todos os grupos de justiceiros depois
viram grupos de bandidos. Eu nunca vi nenhum grupo de justiceiro, que
amanhã não se tornasse um comando. Nós temos as milícias no Rio de
Janeiro, que começaram como justiceiros e hoje estão num poder paralelo.
Nós temos uma paroquia no Rio de Janeiro que você não sabe se tem mais
medo da milícia ou dos marginais. E a milícia muitas vezes são policiais
aposentados que estão ali por trás”, explicou.
O bispo
lamentou que grande parte dos envolvidos em crimes sejam jovens, e
levados a este universo pelas drogas. Para refletir sobre o risco do
apoio da sociedade ao uso da violência contra os envolvidos no mundo do
crime, o bispo convidou para que cada um se colocasse no lugar das
famílias dos criminosos.
“Eu quero saber se uma pessoa que
defende isso, se ela vai defender isso quando acontecer na sua família.
Quando for seu filho, seu sobrinho, seu neto. Porque a gente fala,
pensando nos outros. E nenhuma Família está isenta. Eu digo que as
drogas não têm preconceito e entram em todas as classes sociais. Quando
eu trabalhei na Cidade de Deus, eu vi as drogas por causa da miséria.
Quando trabalhei em Pirassununga, uma região mais nobre, vi as drogas na
classe média, e em Itajubá, vi as drogas no mundo universitário. Não
tenhamos ilusão, mesmo vindo de famílias muito bem formadas, existe uma
coisa que transcende o universo da Família, e eu quero saber se essa
regra vale quando isso acontecer com um ente querido nosso”, finalizou.
FONTE:BLOG DE MARCOS DANTAS
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