Em período de estiagem, o produtor tem poucas alternativas não deixar o rebanho fenecer, restando recorrer às linhas de crédito emergencial disponibilizadas nessas situações. No entanto, se houver planejamento, é possível minimizar os reflexos negativos da seca, que já está sendo considerada a pior enfrentada pelos estados do Nordeste nos últimos 50 anos. Para discutir as formas de pecuaristas planejarem melhor a gestão financeira das propriedades, será realizada dentro da programação do XI Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (Enel) a mesa redonda ‘Oportunidades de Crédito: Custeio, Investimento e Comercialização para o Setor Leiteiro’. O evento será realizado no período de 5 a 8 de junho, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim (RN).
Exemplos de boa gestão existem. A seca que atinge o território potiguar desde o ano passado não pegou de surpresa o pecuarista são-joseense Jaedson Dantas. Em contramão à realidade da maioria dos produtores de leite, o seridoense registrou aumento no faturamento neste período de estiagem.
“Sou nordestino e não posso apenas ficar reclamando ou temendo esse fenômeno natural. Fui atrás de descobrir outras formas de desenvolver meu negócio”, destaca Jaedson Dantas, que sustenta uma produção diária de 1,7 mil litros de leite e fornece o produto para queijeiras de Caicó, São José do Seridó e Cruzeta, municípios da região.
Para garantir a produção, Jaedson Dantas aproveitou a concessão de linhas de crédito pelos bancos e passou a comprar ração, insumos e equipamentos conjuntamente com quatro irmãos. Criatividade e visão também foram fundamentais. O pecuarista estabeleceu parceria com cerâmicas. “Os caminhões que entregavam telhas na Paraíba e em Pernambuco retornavam com bagaço de cana-de-açúcar, barateando o custo do transporte de ração para o meu rebanho”, conta.
Com a chegada de chuvas, mesmo com índices pluviométricos reduzidos, o produtor e os irmãos substituíram a cana-de-açúcar pela silagem do milho moído. Mais de quinhentos mil quilos de silagem já foram adquiridos no Ceará pelos produtores de São José do Seridó. Ordenha mecânica, tratores, máquinas e outras tecnologias também contribuem para a eficiência da produção.
Para ajudar na gestão das propriedades, o pecuarista participa do projeto Balde Cheio, desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte em parceria com o Banco do Nordeste e Faern. “Recebemos o suporte do laboratório Vaca Móvel, por isso estamos sempre avaliando a qualidade e o monitorando a produção do leite. No momento em que a produção de leite caiu, o preço do litro valorizou, mantivemos a produção e aumentamos o faturamento”, enfatiza Jaedson Dantas.
Matéria: Diego Vale
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