Nos últimos oito meses, os desvios de
água registrados no sistema adutor do Estado geraram um prejuízo
estimado em R$ 10 milhões para a Companhia de Águas e Esgotos do Rio
Grande do Norte (Caern). A TRIBUNA DO NORTE fez o cálculo: se for levado
em conta a tarifa mais cara cobrada pela companhia R$ 2,40 por cada mil
litros de água o volume roubado ultrapassa a marca de quatro bilhões
de litros de água, mesma quantidade consumida por toda população
natalense em 20 dias.
Por causa dos desvios, a oferta de água
foi reduzida a menos da metade em alguns municípios. O Ministério
Público Estadual (MPE) e a Polícia Militar auxiliam a Caern no combate
ao crime e algumas prisões já foram efetuadas.
De acordo com o presidente da Caern,
Yuri Tasso, os chamados gatos ocorrem em todas as adutoras que abastecem
o Estado, com destaque nas adutoras Monsenhor Expedito e Sertão Central
Cabugi. Em apenas um único caso, o prejuízo da Caern foi de R$ 100 mil.
O proprietário de uma fazenda fez esse desvio. O prejuízo não é apenas
para a Caern. Quem perde mesmo é a população que fica prejudicada com o
abastecimento, ressaltou.
Muitos proprietários rurais danificam os
equipamentos dos sistemas de abastecimento para retirar água potável
para atividades como irrigação ou para encher reservatórios privados.
Não há números oficiais. A Caern não soube informar quantos desvios já
foram detectados desde que uma fiscalização mais rigorosa foi iniciada,
há oito meses.
Para combater os desvios, trinta motos
foram adquiridas em novembro passado para auxiliar os fiscais da
companhia no serviço de identificação dos criminosos. Por enquanto, não
queremos prender ninguém. Nosso objetivo é fazer com os desvios cessem e
o responsável pague pelo que desviou, acrescentou o presidente da
Caern.
Em Angicos, um único proprietário era o
responsável por um gato que prejudicava o abastecimento em cinco
municípios. Milhares de usuários nos municípios de Lajes, Pedra Preta,
Jardim de Angicos, Caiçara do Rio dos Ventos e Riachuelo tiveram a
oferta de água reduzida devido ao desvio realizado na adutora Sertão
Central Cabugi. O responsável foi preso em flagrante no início do mês.
A Caern distribui 19 bilhões de litros
d’água para 153 municípios. Hoje, existe rodízio em 17 dos 29 municípios
do Agreste, Potengi e Trairi atendidos pela adutora Monsenhor Expedito,
que teve a vazão reduzida em 30%. A conta corresponde a 3.120 casas
por dia com abastecimento comprometido.
Dnocs repassará Oiticica ao governo
O termo de compromisso que homologa a
transferência de responsabilidade sob a construção da barragem de
Oiticica será assinado na próxima segunda-feira. A informação foi
confirmada ontem, durante entrevista coletiva, pelo atual titular da
secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh),
Leonardo Rêgo. Atualmente, o Departamento Nacional de Obras Contras as
Secas (Dnocs) é o responsável pelo projeto, no entanto, caberá ao
Governo do Estado a construção da obra. “Vamos assinar o termo no dia
primeiro para retomar o projeto, afirmou.
A barragem de Oiticica será construída
em Jucurutu, distante 262 quilômetros de Natal. O projeto sofreu
alterações. O Dnocs incluiu, por exemplo, a construção de nove comportas
para controle do fluxo da vazão da água que ficará reservada na
estrutura. A barragem terá capacidade para reservar até 600 milhões de
metros cúbicos de água e custará R$ 311 milhões. Em relação ao primeiro
projeto, o empreendimento sofreu um aporte orçamentário de R$ 60
milhões.
A construção do reservatório será
viabilizada com recursos federais através do Plano de Aceleração do
Crescimento (PAC). De acordo com Leonardo Rêgo, o Governo do Estado vai
depositar, no dia 10 de abril, a contrapartida de R$ 19 milhões para
realizar a obra.
O secretário informou ainda que outras
obras estão em andamento. O sistema adutor do Alto Oeste, segundo ele,
está com 86% das obras concluídas. “Além disso, estamos construindo
1.285 cisternas nas regiões Seridó e Agreste do Estado e até o fim do
ano estarão prontas”, acrescentou.
Da Tribuna do Norte
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