quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Após acusações, João Vitor dispara: ‘Sou homem, nunca pedi para sair’

O volante João Vitor tem rodado com seu carro pouco mais de 10 quilômetros por dia, equivalentes ao trajeto de ida e volta de sua casa até o CT do Palmeiras. E só. Em um condomínio no bairro de Pirituba, zona oeste de São Paulo, João encontra a tranquilidade para se resguardar em meio à nova polêmica em que está envolvido: ele pediu ou não para sair do clube? O presidente Arnaldo Tirone e o gerente de futebol César Sampaio já disseram que sim. Ele rebate dizendo que não se sente ameaçado pela torcida e que quer renovar o contrato, que vence em dezembro, para jogar a Libertadores de 2013 pelo Verdão.
joão Vitor  volante do Palmeiras  (Foto: Diego Ribeiro/Globoesporte.com)João Vitor com o quadro que ganhou após título da Copa do Brasil (Foto: Diego Ribeiro/Globoesporte.com)
– Se depender de mim eu fico. Quero ficar. Sou homem, nunca pedi para sair por causa de ameaças – disparou.

Em seu apartamento, João Vitor recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM para conversar sobre todos os problemas que vem enfrentando em quase dois anos de Palmeiras. O último deles foi após a derrota por 2 a 0 para o Corinthians, no Campeonato Brasileiro. Uma falha do volante gerou o segundo gol do rival, e imediatamente ele passou a ser um dos mais visados pelos torcedores, que exigiram sua saída. Para assistir à entrevista em vídeo, clique aqui.
Nunca pedi para deixar o clube. Até porque eu tenho contrato. Se me recusar a fazer qualquer atividade, eles têm o direito de rescindir meu contrato"
João Vitor
Apesar da confiança na permanência, ele evita passeios desnecessários desde o episódio. Na mesma semana, João Vitor chamou César Sampaio para conversar. E aí começa a controvérsia. O jogador admite que pediu um tempo, mas não por causa das ameaças, e sim porque as dores no dedo mínimo do pé direito já haviam se tornado insuportáveis. Sem contar uma lesão na planta do mesmo pé, detectada após exames no início desta semana. O dedo está mesmo muito inchado, mas é preciso esperar a calcificação do osso para prosseguir o tratamento.
– Eu vinha jogando com um dedo quebrado e muitas dores no calcanhar há alguns jogos. Mas como tinha muita gente no departamento médico, eu não podia parar. Quando a dor ficou insuportável, tive uma conversa com o César Sampaio, disse que eu queria parar para tratar e me recuperar bem, pois meu rendimento estava caindo. Nunca pedi para deixar o clube. Até porque tenho contrato. Se eu me recusar a fazer qualquer atividade, eles têm o direito de rescindir meu contrato – disse João Vitor.
No sábado, antes do duelo com o Figueirense, o presidente Arnaldo Tirone disse ao jornal Lance! que o jogador tinha pedido “dois ou três dias” para se resguardar, com medo de possíveis represálias. No mesmo dia, ao GLOBOESPORTE.COM, César Sampaio afirmou que João queria um tempo para ficar de cabeça fria e evitar pressões. O volante estava a caminho do casamento de seu empresário quando soube da notícia.
joão Vitor  volante do Palmeiras  (Foto: Diego Ribeiro/Globoesporte.com)João Vitor mostra o dedo fraturado
(Foto: Diego Ribeiro/Globoesporte.com)
– Fiquei surpreso com a declaração do Tirone sobre eu ter pedido para sair, não esperava isso dele. Aqui no Palmeiras as coisas são muito complicadas. Na fase ruim, tudo acontece. Mas ele tem o poder nas mãos, podia ter me mandado embora. Não tenho medo de continuar no Palmeiras, mas sempre existe o medo de sair na rua para fazer algo e, por conta do meu passado e da situação do time, ser agredido novamente ou sofrer coisas piores. Mas não vai ser agora que vou correr do pau – avisou o volante.
Novamente questionado sobre o assunto, Tirone voltou atrás e disse que se “confundiu” ao falar sobre o motivo do afastamento do volante.
Fiquei surpreso com declaração do Tirone. Aqui no Palmeiras as coisas são complicadas.
Na fase ruim, tudo acontece"
João Vitor
– Ele estava sendo ameaçado mesmo, assim como eu estou, o Frizzo (Roberto, vice-presidente) está. Não sabia da lesão, posso ter me equivocado ao dizer aquilo. Vamos resolver na base da conversa – esquivou-se o presidente.
A casa dos familiares de João Vitor, em Maceió, virou alvo de ataques. Foguetórios e até bombas, segundo o jogador, foram lançados em direção à residência de seus parentes. Com um olhar distante, meio cabisbaixo, o volante relatou os perigos que sua família tem passado na capital de Alagoas.
– Torcedores passaram na porta de casa, fizeram piadinha, soltaram bombas. Fizeram com outros jogadores também, sei que a família do Thiago Heleno sofreu em Minas Gerais – relatou o volante.
Na terça-feira, João Vitor se reuniu novamente com César Sampaio. O jogador diz ter resolvido a falha de comunicação. Nesta quarta, houve nova reunião com seu empresário, Gustavo Arribas. O futuro ainda está indefinido. Apesar de a diretoria considerar grande a chance de saída do jogador, ele se mostra confiante em uma renovação de contrato. O volante diz que, se sair, não será por medo de ataques da torcida palmeirense.
Festas, família e 'hálito de cachaça'
joão Vitor  volante do Palmeiras  (Foto: Diego Ribeiro/Globoesporte.com)João Vitor nega que promova festas barulhantas
em casa (Foto: Diego Ribeiro/Globoesporte.com)
Aos 24 anos, João Vitor tem histórico conturbado dentro do Palmeiras. Dois episódios chamam a atenção: a briga que teve com torcedores em outubro do ano passado, em frente à loja oficial do Palmeiras, e o caso em que chegou a um treino com "hálito de cachaça", nas palavras do próprio jogador. Neste último incidente, ele foi multado em 40% de seu salário, sanção que aceitou sem reclamar.
Fora de campo, o volante mora com a mulher e o filho. O apartamento não tem grandes luxos. Chama a atenção um quadro com a foto do time que conquistou a Copa do Brasil há apenas dois meses. Presente que ganhou recentemente, tanto que ainda está embalado e não foi para a parede. João Vitor aparenta tranquilidade e cabeça boa.
Em seu condomínio, porém, os relatos são diferentes. Dois seguranças do prédio, em momentos diferentes, contaram que o jogador promove grandes festas regadas a álcool com a presença de muitas mulheres e alguns companheiros de elenco. O som alto já fez alguns vizinhos reclamarem, e atualmente João Vitor teria dado uma “maneirada” nas baladas.
Falaram que cheguei embriagado, não foi nada disso. Cheguei com um hálito de cachaça, mas em condições de treino, fui para o campo"
João Vitor
– Essas coisas não têm nada a ver. Sou sossegado, tenho mulher e filho que moram comigo. De vez em quando eu saio, claro, sou ser humano e tenho de me divertir, normalmente tem uma festa de um parente ou outro. Foi isso que aconteceu naquela ocasião (de quando chegou ao treino com hálito diferente). Fui à festa de um parente, mas reconheci meu erro – disse.
João Vitor, porém, diz que tinha totais condições de treinar. O trabalho era à tarde, tinha início previsto para as 15h. O volante chegou no horário, se apresentou ao técnico Luiz Felipe Scolari, que optou por tirá-lo da atividade. O jogdaor voltou para casa e foi descansar.
– Falaram que cheguei embriagado, não foi nada disso. Cheguei com um hálito de cachaça, mas em condições de treino, fui para o campo. Aí os dirigentes decidiram me tirar e aplicar a multa. Reconheci meu erro, aceitei a punição. Se eu fosse um cara vagabundo, teria ido para o departamento médico, faria outra coisa ou inventaria alguma história para não treinar e ninguém perceber – justificou-se.
Mais maduro, João quer apenas se recuperar logo da lesão e tentar ajudar o Palmeiras a sair da zona de rebaixamento. Cansado de ver seu nome envolvido em polêmicas, o jogador recebeu apoio de vários jogadores do elenco. Conversou com os líderes Marcos Assunção, Henrique e Maurício Ramos, e prometeu que não vai baixar a cabeça diante da má fase.
– Já tive momentos bons e ruins pelo Palmeiras, atualmente estou em uma fase ruim. Se eu tivesse de sair, teria saído logo depois da briga com os torcedores, mas fui homem e fiquei aqui para encarar as dificuldades. Estou com meus companheiros até o fim – avisou João Vitor.

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