As pessoas que se vangloriam sobre encarar o dia tendo dormido menos de
cinco horas devem saber que esse hábito faz tão mal para a saúde quanto
fumar, por causa do dano que pode ser causado pela privação de sono,
declarou o neurocientista da Universidade de Oxford Russell Foster.
O comentário do pesquisador segue estudos que sugerem que trabalhar no
turno da noite acelera o processo de envelhecimento e está ligado ao
aumento dos riscos de câncer, doenças cardíacas e diabetes do tipo dois.
Foster, diretor do Instituto de Neurociência de Sono e Ciclo
Circadiano, apelou para uma mudança de atitudes no sentido de ir dormir
cedo.
“Há certamente uma cultura de, bem, eu tive apenas cinco horas de sono
na noite passada, olha como sou fantástico!”, ironizou ao jornal inglês
“Telegraph”. “Na verdade, nós devemos condenar esse tipo de coisa – da
mesma forma que desaprovamos fumar. Acho que devemos começar a reprovar o
hábito de não levar a sério o nosso sono.”
Segundo o especialista, negligenciar o ato de dormir pode causar riscos
não apenas em empregos como saúde e transporte, em que os perigos eram
óbvios, mas também pode danificar a qualidade das decisões cruciais.
“A falta de sono danifica toda uma série de habilidades – empatia,
informação de processamento, capacidade de lidar com as pessoas. Além de
tudo, você fica excessivamente impulsivo, com dificuldade de
raciocínio”, pontuou. “Olhe para as recentes decisões sobre a crise
grega. Vemos grandes debates que atravessam a noite, o que tem um
impacto enorme, e as decisões são tomadas quando as habilidades estão
muito prejudicadas.”
Foster acrescentou, ainda, que muitos daqueles que se levantam antes do
amanhecer não estavam cientes do quão mal isso pode fazer para o
funcionamento de seu cérebro. Para ele, às quatro horas da manhã a nossa
capacidade de processar informações é semelhante à quantidade de álcool
que nos faria ficar “legalmente bêbados” – tão mal quanto se tivéssemos
“bebido alguns uísques e cervejas”.
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